domingo, novembro 27, 2016

A impossibilidade de narrar a fragmentação das nuvens


Nuvem de emoções,
Satura olhar perdido
Buscando senti(n)do
No exíguo espaço entre pontos cinzentos
Minúsculas gotas de águas
Unidas por fios invisíveis
dispersos pelo éter(eo) nevoeiro
Envolvente.

Espartilham-se
e evaporam
tal como chuvas tropicais
ao tocar na terra quente
desaparecendo
sem deixar rasto.
Restam as memórias,
de gotas a escorrer pelas costas
de muitas pessoas
em momentos efémeros
acumulados em baús
infinitos para as capacidades de um homem.
Sem tempo para reviver
os momentos perdem-se
para sempre
tal como o código do cadeado
que guardava um objeccto esquecido.

Rejeita-se o toque
Entre peles e pêlos eriçados
Não trabalhados por filtros
Imagens imperfeitamente
Para esta realidade suspensa
Em olhar corporeo
Na ponta dos dedos.

Ensaio,
- Frustradamente -
Sobre a brancura destas nuvens
Rasgar eternamente a sua lividez
Através de simulações de tinta
Sonhando palavras impossíveis
narrações destes fragmentos
Largados a cada segundo
Entre nós.
Tudo parece branco
e imaculado
nesta nuvem sedutora
sem a sua sujidade do nosso olhar
a gordura das impressões digitais
ou da saliva ressequida no nosso umbigo.

Deixo um rasto do meu sangue
- uma caneta roubada na mesa ao lado -
na parte detrás de um fotografia
postal perdido sob muitos soís,
único nas suas deformações
e envio na incerteza da sua chegada
seguro da sua intenção.
antes disso,
digitalizo o momento
para não o perder
e guardo no esquecimento da memória do meu telemóvel
partilhado entre gotas
unidas por essa luz
que no final chamam nuvem.

(projecto nuvem em evolução)

domingo, novembro 20, 2016

Desapareceu quando tinha 15 anos

Desapareceu quando tinha 15 anos,

Mas não se apercebeu.



Os 20 vieram,

Com a ideia de maior liberdade e a primeira

Aversão aos sais de prata.



Continuaram pelos 25, onde sentia que os

15 anos já tinham sido há muito,

E o baú das memórias estavam numa caixa,

Guardada pela mãe.



Após os 30,

Esforçava-se por aparentar ter 25,

Nada o preocupava ou interessava seriamente.



Os 35 trouxeram os primeiros cabelos brancos,

E algumas brancas do passado, distante

Que podia preencher com novas memórias.



Aos 40 reparou que realmente tinha desaparecido,

Ninguém tinha dado conta disso,

Que nenhum sorriso existia

nas milhares de fotografias que tinha em casa

e onde estava sempre ausente.

domingo, novembro 13, 2016

Preservar momentos


Pequenos lapsos de
Preservação de momentos, já perdidos da
intenção de ser uma estaca
em chão de ficções, onde outros
se irão recordar.

Resta o espaço perdido entre
acções presas a passeios
de cimento, onde florescem gotas de chuva
e pouco mais há memória.

quinta-feira, setembro 29, 2016

Transladações

Não sei quando, aprendi

transportando o corpo, entre

Distintos pontos, soube

Viajar num espaço diferente

fugindo com os pés à realidade, mas

Nela buscava, pontos de partida

Para outros mundos.
Eu sou a água que escorre entre os dedos e desaparece

segunda-feira, setembro 05, 2016

Ideia de nunca desaparecer
Dor esta cada vez mais profunda
Como as cinzas que ficam do tempo
O sopro dispersa
Diluído pela morte
Até lá
Será eterno em vida
(em construção)

quarta-feira, outubro 21, 2015

Morte programada

A cama nem sempre dá descanso
O corpo grita por mais
O cérebro faz tudo em modo automático
Até a comida é absorvida sem sabor.

Aos poucos
A luz entra por debaixo da porta
A água quente abraça-te
O vento desperta-te
E voltas a querer sentir.

A viagem
Nunca deixa qualquer rasto
Apenas nos ouvidos
E altifalantes exaustos.

Mas quando pensavas
Estar preparado
Sentes que és um capitão
De um navio
Com naufrágio programado.

domingo, outubro 18, 2015

Apetece escrever
Horas a fio
Esta minha (des)inspiração!