Nuvem de emoções,
Satura olhar perdido
Buscando senti(n)do
No exíguo espaço entre pontos cinzentos
Minúsculas gotas de águas
Unidas por fios invisíveis
dispersos pelo éter(eo) nevoeiro
Envolvente.
Espartilham-se
e evaporam
tal como chuvas tropicais
ao tocar na terra quente
desaparecendo
sem deixar rasto.
Restam as memórias,
de gotas a escorrer pelas costas
de muitas pessoas
em momentos efémeros
acumulados em baús
infinitos para as capacidades de um homem.
Sem tempo para reviver
os momentos perdem-se
para sempre
tal como o código do cadeado
que guardava um objeccto esquecido.
Rejeita-se o toque
Entre peles e pêlos eriçados
Não trabalhados por filtros
Imagens imperfeitamente
Para esta realidade suspensa
Em olhar corporeo
Na ponta dos dedos.
Ensaio,
- Frustradamente -
Sobre a
brancura destas nuvens
Rasgar eternamente a sua lividez
Através de simulações de tinta
Sonhando palavras impossíveis
narrações destes fragmentos
Largados a cada segundo
Entre nós.
Tudo parece branco
e imaculado
nesta nuvem sedutora
sem a sua sujidade do nosso olhar
a gordura das impressões digitais
ou da saliva ressequida no nosso umbigo.
Deixo um rasto do meu sangue
- uma caneta roubada na mesa ao lado -
na parte detrás de um fotografia
postal perdido sob muitos soís,
único nas suas deformações
e envio na incerteza da sua chegada
seguro da sua intenção.
antes disso,
digitalizo o momento
para não o perder
e guardo no esquecimento da memória do meu telemóvel
partilhado entre gotas
unidas por essa luz
que no final chamam nuvem.
(projecto nuvem em evolução)