segunda-feira, setembro 15, 2003

Oiço dizer que antigamente é que era, “Os Velhos Tempos”, entre suspiros das pessoas mais velhas, nessa altura é que as pessoas acreditavam em ideias, eram honestas e defendiam os seus interesses, que eram os de toda a gente, não como agora....
Do outro lado sopram pensamentos contemporâneos que tem como cerne o desinteresse por tudo, não acreditar em nada e em ninguém, egocentrismo e só trabalham quando é para o seu próprio umbigo...
... disso nada sei, apenas noto que as pessoas de hoje estão mais preocupadas em atingir algo que lhes puseram na cabeça e as faz ter medo de tirar o pé dos trilhos delineados por outros, com a profunda convicção que foram elas próprias a delineá-las, e nem por sombra poderia ter sido outra pessoa. Qualquer passo fora do trilho será o “o fim do artista”, dos sonhos, da vida, que tanto queriam ter que nem sequer as permite experimentar outras coisas, para saberem se na verdade estavam a caminhar realmente para o progresso, o que quer que isso seja, ou se era esse progresso para qual pensavam que caminhavam.
O trilho, pelo qual tanto amor nutrem e pelo qual tudo fazem para não saírem dele, não foi por eles delineado, como é óbvio, para quem vê de fora. Eles não aceitam criticas, de tanto medo incutido pelos seus pais e pares, por que isso seria auto-destruir-se. Eles não existem para além dessa existência, sem existência, que é de serem um mero correio de transporte dos ideias de vida ou de vivências de outros, que não o deles, para a geração seguinte.
... “a culpa é dos pais, dos pseudo defensores da liberdade, em tempos”, “as pessoas que agora têm o poder, e que antes diziam mal deles”, “é o eterno retorno de Nietzche”, “a história segue o seu caminha já traçado”, etc...
... disso também nada sei, nem nunca chegarei a saber, pode ser que alguns tenham mais razão do que outros, isto é, uns que estejam mais próximos do real que outros, mas qual deles? Disso nada sei ...
... mas uma coisa sei, que os que tanto vangloriam “os bons velhos tempos” não são diferentes dos “ingloriosos tempos modernos”, ambos apenas cumprem o seu destino na cadeia cultural que assumiram, a de apenas transmitirem o que lhes foi dado a transmitir para as gerações seguintes, e se não forem eles, outros o farão, e isso incomoda-os, por não sabem viver fora desta lógica-armadilha...
... gostava de ser Vezu e viver cada dia que passa e ter que performar aquilo que gostava de ser e ter a possibilidade mudar, sem represálias e poder viver num ponto “histórico quente”, e assim o fosse eternamente....
... mas isto sei, é indiferente viver num tempo histórico quente ou frio, o significado é o mesmo, no fim, mas prefiro criar as minhas próprias raízes, tentar e não passar pela vida com a ilusão de ser alguém e ser apenas um mero testemunho de um algo que não questiono nem percebo para que serve, mas deve estar acertado ou ter razão de ser porque outros o fizeram antes de mim, e outros o fazem por mim…
…..isto sim, sei eu, é a bela lógica do Zé Ninguèm de Willem Reich

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