Desde novo que a vida lhe estava destinada a ser vivida como a viveu.
Na escola tinha bom aluno e isso levo-o a escolher o curso que queria. Depois na universidade foi um dos cinco melhores alunos do seu ano. O passo seguinte foi apenas uma continuação mais que lógica. Arranjou um emprego rapidamente e a sua progressão na carreira meteórica. Estava sempre entre os melhores, ele próprio se considerava uma das pessoas mais inteligentes que conhecia.
Casou-se aos 30, depois de mais de três anos de namoro e aos 35 já tinha dois filho, um rapaz e uma rapariga. Que mais queria ele?
A vida correu-lhe como queria, escolheu sempre o seu destino e acertou sempre nas escolhas, mas sentia-se realizado? Tinha tudo aquilo que queria e desejava? Era feliz?
Sinceramente não sabia responder a estas perguntas, nunca tinha dispensado tempo para estas perguntas supérfluas, pelo menos até há data tinham sido consideradas como tal.
Aparentemente a vida tinha corrido bem, até aquele momento, mas faltava alguma coisa na sua vida. Não sabia o que era, porque sempre pensou que tinha a vida muito bem delineada, sabia com quem podia contar, onde encontrar as coisas e até podia mudar de estilo de vida. Mas não era isso que lhe faltava.
Animação? Tinha-a, aturar os filhos, ir buscá-los ao colégio, ao ballet, futebol e inglês. Considerava-se um bom pai, estava sempre disponível para qualquer urgência e não fugia as suas obrigações como educador. Estava a par do que se passava com eles e arranjava sempre algum tempo para falar com eles, passear ou outras coisas. A família era perfeita, melhor do que aquelas que se viam nos catálogos. Mas parecia que faltava alguma coisa.
A mulher era uma das raparigas mais sensuais e bonitas que alguma vez tinha visto, era cobiçada por todos os outros homens, para além disso era inteligente, bem humorado, graciosa, boa esposa, mãe e possuía o seu próprio emprego, tão bom como o dele. Se os dois competissem em termos de sucesso na vida, estavam em pé de igualdade.
Tinha amigos com quem podia passar noites inteiras a falar de romances, sobre a situação económica do país, sobre viagens que tinham feito. Para além disso, marcavam jantares aos fim de semanas com os seus diversos amigos, para não perderem o contacto e ocuparem um pouco o tempo.
A sua vida era um autêntico sonho encantado, daqueles sonhos que os pais têm para a vida dos seus filhos. A vida dele era essa. Uma vida predestinada, onde ele a vivia como um mero mensageiro, de uma cultura que devia persistir para muito depois da sua morte.
terça-feira, novembro 18, 2003
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