terça-feira, outubro 12, 2004

Copo Vazio

Sou um copo meio vazio
Onde já nada encontro
Quando o tento beber.

As memórias que preenchem o corpo,
Deambulam, tal como os transeuntes,
Perdidos nas estradas, a caminho
Do trabalho ou casa,
Que não habitam.

Chego lá,
Ao sítio onde a estrada leva,
E está meio vazio,
E de lá já nada retiro,
Nem mesmo essas memórias,
As minhas,
Que já não habito,
Deixaram de ser minhas
E revejo-as repetidamente pelos mesmos caminhos por onde o meu corpo vagueia,
Aceno-lhes com um olá,
Elas respondem por delicadeza, e
Continuam alheias
A quem preenchem o corpo,
Tal como o copo,
Ou um outro qualquer recipiente,
Nunca vazio,
Idealisticamente,Mas sim na prática.

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