Circulo rectangular
Percorri vezes sem conta
Na minha infância.
Rodeado de azulejos
De um reflexo azul
Horas seguidas de transe.
Sem contar os metros
Só voltas
Berros!
“mais rápido, merda! Andam a pastar?”
abastraía-me de tudo
revia a matéria do dia seguinte
à espera do resto da anedota
a preparar o assalto a outro fato de banho
quando é que poderia roubar uns metros
respirava, sem dar conta,
tudo em mim era automático.
O corpo transformado numa maquina
Pouco controle tinha sobre ele, o meu corpo
O apito das séries provocavam os impulsos
Nervosos, desligados do cérebro
Apenas ficava a observar
Debaixo de água
O mundo que existia lá fora.
Contíguo à parede do fundo
Pessoas jantavam
Indiferentes,
Pequeno mundo! Habitava eu,
O elo ficou em todos
Velhos e novos
As dificuldades,
As más condições
O desprezo
Dos de lá de fora!
Com o tempo
Apareceu uma mancha amarela
Pulava de mão em mão
Tal como a cerveja lá fora.
Os berros continuaram
Os azulejos permaneciam
Mais abaixo.
Os míticos desceram do seu pedestal
Alguns caíram bem fundo
Outros desapareceram
Os azulejos já lá não estão
As paredes foram abaixo!
A ruptura está feita
Cada um ficou com a sua memória
Dos reflexos de um azul turquesa,
De um branco translúcido,
repleto de cloro.
Ele, esse cheiro a lixívia,
Tatuagem impregnada, a permanente,
Na pele,
A custo zero.
Anos e anos,
Voltas e mais voltas,
Sempre no mesmo sítio,
Rodeado de azul!
sábado, outubro 18, 2003
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