Sentou-se, inclinou-se, elevou as pernas, baixou o tronco e deitou-se esticada na rede que o jardim do hostal fornecia. Ao lado, uma piscina, mas não a viu, o sono estava dois passos à frente de tudo.
Acordou, eram três horas da manhã, suava, tinha sede e estava num país tropical. Mais uma vez estava a ter uma recaída de malária. Por mais tratamentos que fizesse e precauções que tomasse, aparecia sempre, sazonalmente.
Levantou-se, pegou na mochila e pegou no repelente, por descargo de consciência – “pode ser que agora resulte”.
Dirigiu-se ao quarto, a custo, tomou três aspirinas, um banho de água tépida, pôs o repelente na tomada eléctrica do quarto e deitou-se nua sob os lençoís brancos da cama, já banhada no seu suor, outra vez.
Os seios estavam gastos e descaídos, as ancas largas demais, a celulite saltava a cada centímetro. Era nova mas sentia-se como uma velha. Visões alucinadas de uma febre de 40 ºC que teimava em não desaparecer.
Passou a mão pelo púbis, simulou um inicio de masturbação, que rapidamente repudiou por falta de vontade.
Apagou a luz, meteu-se debaixo dos lençóis, alagados no seu suor e tentou adormecer.
Antes de conseguir faze-lo, ainda teve tempo para ouvir, sobressaltada, o zumbir de um mosquito. Acendeu a luz e ficou uma hora à procura da dita cuja. Por fim encontrou-a pousada na parede, onde permaneceu, depois, como uma bela mancha vermelha, de sangue, provavelmente do seu.
Adormeceu pouco depois, com a consciência limpa de mosquitos e a pensar que amanhã tinha que ir ao médico e reabastecer a sua bolsa com mais aspirinas. Independentemente disso, prosseguiria com a sua viagem.
terça-feira, dezembro 23, 2003
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