segunda-feira, janeiro 05, 2004

dois poemas

"negro perro"

Perdido na calçada,
Frio e com a língua de fora,
Um rasgo vermelho,
Imergia.

Era veneno,
Não o sabia.
Era preto,
Como a morte.

Maldito,
Veneno-pessoa,
Uno no acto,
Mesma substância material.

O sol brilhou,
Nenhum ponto negro restou,
Nalguma sarjeta,
Se despojou.

Um pequeno pedaço,
Restou,
Outro cão ficou,
De outra cor,
Frio e com a língua de fora,
E o mesmo,
Rasgo vermelho.

"Veneno que atraiçoou"
Nenhum melhor amigo,
Se quedou!

Sozinho na sarjeta,
Desolada carcaça,
Bestialidade humana,
Incorporada.


"Buzinadela Latina"

Esfera oval,
Isto é: achatada nos pólos,
Sempre algo a mexer.

Rasgado por sons,
De noite e de dia,
Faça luz ou escuridão,
Rasgado, simplesmente e constantemente,
De sons.

Cravado no cérebro,
Como um gene hereditário,
Omnipresente,
Até nos sonhos!

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