Não sou verso
Sou carne!
Hipócrita
Ou ignorante o é,
Quem o diz
Que este verso eu o sou,
E sou-o durante o verso.
Engano,
Poeira para os olhos
Que eu respiro
E carne sou!
Os versos são bonitos,
E por isso carne não podem ser,
Mas estes aspiram.
Se os queres confundir,
Ilude-te e
Embebeda-te neles,
Alimenta-te e vive apenas deles,
Eu, que de carne sou,
Desejo mais carne
E só um pouco desses tal versos
Desejo para mim.
Dizes que me encontro aqui,
Não o nego,
Como poderia eu negar isso?
Mas também não me o vês afirmar,
Eu que digo de carne ser,
- mero mortal como tal –
Ir contra as leis da física
- feita pelos deuses –
e estar em dois lugares ao mesmo tempo?
Se lá estou,
Não o sou realmente,
Aquele que vês,
De carne não o é,
Que eu que o afirmo ser,
Logo uma miragem deves estar a ver.
Devias então apenas em verso ser,
Dizes,
Mas não o sou,
E acredito em ti,
Também tu o devias ser,
Apenas de verso,
Todos deviam.
Se te digo:
De carne sou,
É porque já tentei ser verso
E não o consegui ser.
Eu não sou o verso
Eu sou de carne!
segunda-feira, maio 10, 2004
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